“O outono [que começa nesta quarta-feira] é uma estação de maior chuva. Se tivermos precipitações dentro da média ou ligeiramente abaixo dela, como mostra a previsão, espera-se também temperaturas dentro da média. Mas, se a distribuição pluviométrica for irregular, ocorrendo em cinco dias, por exemplo, teremos meses mais quentes”, atesta. “Com a perspectiva de pancadas dentro do esperado, as temperaturas devem reduzir de uma média de 29 graus para 25 ou 26 graus, no outono”, pontua o professor Prestrelo.
De forma técnica e diferente do que que está no vocabulário da população, para a caracterização da onda de calor é necessária a presença de um sistema onde uma massa de ar quente fica localizada sobre uma determinada região por algum tempo. É o que tem acontecido na região Central do País. “A gente tem notado que, às vezes, esse sistema parte para o Sudeste e para o Norte e, portanto, temos uma área gigantesca sob influência dele. Essas massas são caracterizadas por regiões de pressão atmosférica mais altas, que estacionam em uma determinada área por um período de três a cinco dias”, esclarece o professor.
“Elas produzem céu claro, sem formação de nuvens e chuva. Com isso, muita radiação entra na região, aquece a superfície e a atmosfera, o que gera a onda de calor. No RN, não temos esse fenômeno, tecnicamente falando, porque o Estado não esteve inserido nos sistemas que vêm ocorrendo no País. O calor aqui está associado às ondas presentes no Brasil Central”, acrescenta. A causa principal para a elevação da temperatura no Estado, segundo o professor, é o El Niño, que está em fase de enfraquecimento.
“O El Niño atua, por exemplo, na questão das chuvas em algumas regiões, cuja duração ficou menor, como é o caso de Natal, onde as precipitações têm sido espaçadas. Esse calor e a má distribuição das chuvas que temos aqui, portanto, são impactos desse fenômeno. Ele reduz as precipitações e enfraquece o vento, gerando aumento de calor. Por causa do El Niño, aliás, as temperaturas estão cerca de 0,5ºC a 1ºC mais quentes do que o normal no RN”, diz Prestrelo. A temperatura deve ser amenizada nesta segunda quinzena de março, se as chuvas de outono se mantiverem dentro da média. De acordo com o professor, a previsão é de índices pluviométricos dentro do esperado ou ligeiramente abaixo disso.
Tribuna do Norte